Neste espaço daremos voz aos associados do LENE que, através de um artigo cientifico, terão oportunidade de emitir uma opinião com recurso à vida académica, profissional e espiritual.
Resoluções de Ano Novo. Quem nunca pegou num guardanapo de papel, em vésperas de Ano Novo, e escreveu, em tópicos, o que pretendia mudar no ano seguinte? Quem nunca olhou retrospetivamente para o ano cessante analisando os pontos positivos e negativos? Quem nunca prometeu começar o ano “com o pé direito”, tentando ser uma pessoa melhor e conquistar uma vida melhor? Penso que todos nós, de uma ou de outra maneira, já o fizemos.
Sendo uma prática secular muito comum, a verdade é que tem vindo a ganhar relevância no meio cristão. Começa a ser usual vermos os cristãos, nos últimos dias do ano, elaborarem uma lista onde apresentam algumas resoluções, que vão desde os típicos desejos de saúde e amor, até à realização profissional e financeira. Não obstante, apresentam, não raras vezes, desejos demasiado egoístas, que colidem com a vontade de Deus e com o próximo.
Desta forma, é escopo desta pequena reflexão, numa primeira parte, apresentar alguns detalhes a ter em consideração no momento de elaboração da lista de resoluções e, numa segunda parte, apresentar uma lista de resoluções à luz da Palavra de Deus.
Primeiramente, aquando da elaboração da lista de resoluções de Ano Novo devemos ter em mente que:
Por outro lado, a nossa lista pode basear-se num plano para o futuro. É lícito apresentarmos a Deus um plano de algo para a nossa vida, desde que tal não viole princípios bíblicos e se enquadre no plano que Deus tem para nós. Muitas vezes os planos que temos em mente falham por não darmos ouvidos à voz de Deus (Provérbios 15:22), ouvindo apenas a voz do nosso coração, tão enganoso por vezes (Provérbios 19:21). É tempo de procurarmos ter um coração igual ao de Jesus, um coração que atua sempre na vontade do Pai, e de colocar os nossos planos nas mãos de Deus, consagrando-Lhe tudo o que fazemos (Provérbios 16:3). Quando o nosso coração está firme na Palavra de Deus, podemos ficar certos de que os nossos planos irão ser abençoados, para a glória de Deus.
Vistos alguns cuidados a ter com as nossas resoluções de Ano Novo, qual será a melhor resolução que um cristão deve apresentar diante de Deus neste fim de ano? A resposta é simples: a que nos torne mais parecidos com o nosso Mestre, Jesus Cristo. O cuidado de Deus para com os Seus filhos é tão grande que até providenciou para nós essa lista:
“Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne (…) Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.” - Gálatas 5:16, 22, 23.
Quanto estamos crucificados com Cristo e vivemos Nele (Gálatas 2:20), quando Espírito Santo de Deus habita em nós e nos guia, o fruto do Espírito será visível em nós. Se plantarmos a nossa fé em Deus e no Seu filho Jesus Cristo, que se fez homem para nos salvar de uma vida de eterna condenação, colheremos bom fruto – o fruto do Espírito Santo. Como filhos de Deus, esta deve ser a nossa resolução para 2019: andar no Espírito, refletindo a essência e luz de Jesus Cristo.
Quando falamos em frutos não falamos em obras. A maioria de nós pode gabar-se de nunca ter cometido um homicídio; mas o que dirá Deus do nosso caráter quando olha para o mais íntimo do nosso ser? As obras contrastam com os frutos. As primeiras implicam sempre esforço, trabalho, cansaço. As segundas trazem à nossa mente a ideia de beleza, tranquilidade, evolução da vida. A carne tende a produzir obras mortas (Hebreus 9:14), mas o Espírito produz fruto vivo. A carne pode simular um outro fruto, mas jamais será capaz de produzi-lo. A operação da carne traz orgulho e autorrealização, mas quando o Espírito produz fruto, Deus é glorificado.
Em que se deve basear, então, a nossa lista de resoluções para o ano vindouro? Em produzir:
- AMOR: O Apóstolo Paulo enuncia esta lista taxativa com o amor. É dele que decorrem todos os outros frutos. O amor aqui retratado é o amor ágape, o amor divino que é dom de Deus para nós (Romanos 5:5), o qual devemos cultivar dia após dia, pedindo a Deus que o faça aumentar (Filipenses 1:9). E que amor é esse, em termos práticos? É o que Paulo explica em I Coríntios 13:1-7: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
- ALEGRIA: Quem vive o amor de Deus experiência uma alegria interior que não se deixa afetar por circunstâncias exteriores. Onde está o amor de Deus, está a alegria. O Salmista refere que o amor é o cumprimento da Lei, e cumprir a Lei traz alegria (Salmos 119:16, 24, 35, 47, 70). É uma espécie de otimismo santo que nos faz seguir em frente, independentemente das dificuldades que nos rodeiam, “pois tudo coopera para o bem daquele que ama a Deus.” (Romanos 8:28). A nossa alegria não é igual à do mundo, que se baseia numa diversão superficial e momentânea, mas é uma antecipação da alegria celestial que está reservada para os salvos em Cristo.
- PAZ: Em conluio, o amor e a alegria produzem a paz. A paz que só Deus pode dar – “a paz que excede todo o entendimento.” (Filipenses 4:7). Esta paz é a serenidade do coração, a porção de todos os justificados pela fé (Romanos 5:1) desejam ser instrumento nas mãos de Deus para que outros possam sentir essa tranquilidade. Quem tem paz promove a paz (Mateus 5:9).
- LONGANIMIDADE: A capacidade de perseverar pacientemente de forma corajosa sem nunca renunciar ao plano de Deus ou desistir. O cristão longânimo é aquele que sofre o dano provocado por outrem sem nunca pagar na mesma moeda. É aquela que não busca vingança, mas deixa que seja Deus a agir em juízo. É aquele não deseja mal aos seus inimigos. A longanimidade é inspirada pela confiança em Deus e no cumprimento das Suas promessas (II Timóteo 4:2,8; Hebreus 6:12).
- BENIGNIDADE: É agradável e amorosa. É um reflexo da benignidade originária demonstrada por Deus (Romanos 2:4). Os Evangelhos contêm várias demonstrações de benignidade de Cristo para com os pecadores – nunca rejeitou quem O buscava (Marcos 10:13-16; João 8:1-11).
- BONDADE: É o amor em forma prática. É a excelência moral e espiritual visível na generosidade de coração e de ação.
- FIDELIDADE: A característica de quem é confiável e leal à Palavra de Deus. Quem medita nas Escrituras e vive de acordo com Elas. Quem vive o que prega. Quem vive verdadeiramente o Evangelho.
- MANSIDÃO: O uso correto do poder e autoridade. Nada tem que ver fraqueza, ao contrário do que o mundo nos diz. O próprio Jesus Cristo revelou ser “manso e humilde de coração” (Mateus 11:29) e Moisés também revelou ser “mui manso” (Números 12:3) e nenhum deles poderá ser acusado de fraqueza. O cristão manso não se impõe autoritariamente nem usa indevidamente o seu poder.
- DOMÍNIO PRÓPRIO: A relação que alguém tem consigo mesmo. A qualidade de se saber conter. Quem tem domínio próprio consegue levar o seu pensamento e ação à submissão e obediência a Jesus Cristo (II Coríntios 10:5).
Para estas coisas não há lei! Contra isto não existe lei. O Apóstolo Paulo encoraja-nos a manifestar estas qualidades, de forma a vivermos uma vida santa, na busca pela perfeição que só Jesus nos pode dar.
Que esta lista seja uma realidade nos nossos corações em 2019. Que seja um incentivo a exibir um caracter que é nosso através de Jesus Cristo, para glória do Pai. Para lá da busca por uma vida melhor, procuremos neste novo ano buscar ser como o nosso ídolo Jesus Cristo, levando o seu bom cheiro por onde andarmos, repartindo o fruto que só o Espírito Santo nos pode fornecer.
Que Deus ricamente vos abençoe,
Cláudia Alves Pratas
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